quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O teu abraço


Morno como o sol de fim de tarde.
Envolvente como um manto opaco.
Mais lindo que qualquer frase sincera.
Sempre fraco, leve, mas profundo como uma
mola que sempre salta mesmo quando não é impelida.
Apertado em si mesmo.
Involuntário, muitas vezes.
Inconsciente, quase sempre.
Sinfonia inacabada.
Anyb

Mãos nas Mãos


Teus dedos ramos de uma árvore
que agarram os meus ramos.
Terra que cobre o corpo.
Folhas que tapam o chão.
Mar que molha a areia.
Nuvens que tapam o céu.
Tampa que fecha a caixa.
Peça que se encaixa.
Perfeição que tudo faz começar.
Sombra que afaga a sombra.
As tuas mãos nas minhas mãos.
Tu todo em mim toda.
Anyb

Entre o fogo e a razão


Tem na boca o sabor morno
a dissolver castelos de açúcar,
no olhar uma embriaguez
que me tira o âmago, suborno!
Fora de órbita, seu corpo
em azul celeste tombou aqui
na superfície do meu colchão,
sem trajo!
Arrisquei indagar: “a que vieste?”
As respostas chegaram sôfregas
em forma de cobiça como se pedissem:
“contesta!”
Sem delongas já não convinham
perguntas, repostas, tempo, espaço
perante os corpos que vertiam fogo,
e se consumiam em afectuoso cansaço,
As respostas, essas,
perderam-se no espaço entre o fogo e a razão.
Anyb

sábado, 27 de outubro de 2007

Para as minhas Princesas


Quando nasceram eu renasci.
Quando riram, eu chorei de alegria num deslumbramento de nirvana.
Quando precisaram eu estava lá e estarei sempre.
Quando adoeceram eu rezei.
Cuidei de todas as minhas Princesas.
Protegi-vos e amei-vos com todo o meu coração e continuarei.
Idolatrei todos os vossos momentos, e vou continuar pela vida fora.
Princesas não vos peço nada em troca, pois vosso sorriso já é meu paraíso.
Meu amor é perene.
Mãe
Anyb

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Síndrome do Mal


Ó terra ingrata,
Por onde um dia passei
Na plenitude da vida
À tristeza supliquei
Aromatizada em meus sonhos
Toldada sob a realidade
Matizada pelo sangue nobre
Da negra ave da maldade
Companheira de outras eras
Lembrança em minha’alma
Abatida em voo sombrio
O submundo agora a salda
Alienação lírica
Fortificam o coração empedrado
Firme áurea reluzente
Na sombra do passado
Sincera inocência perdida
Fugaz amante louvado
Serena morbidez definha
Feito certeira fechada
Não há mais busca
Estranha e total psicopatia
Apenas uma terrível luta
Instintiva sobrevivência
Assinalada pela dor
Entorpecida pelo ópio
Desde as mais longínquas noites
Perseguída pelo ódio
Suave veneno que me devora
Maldita angústia no peito
Preparando o meu ser sórdido
Para seu fúnebre leito
Sinfonia mórbida ecoa
Dos doces lábios de donzela
A melancolia me chama
Agora me vela
Bendita paz derradeira
A ela e a mim defere
Eterno sepulcro solitário
Não há morte que a leve
Negra ave da maldade
Vem-me tentar.
Anyb